Depois de viagem ao país, Vinicius Zanotti fez um documentário e arrecada fundos para escola
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, assim
como a militante Leymah Gbowee, também liberiana, e a jornalista e
ativista iemenita Tawakkul Karman, foram laureadas com o Prêmio
Nobel da Paz de 2011. O anúncio, feito pelo comitê que outorga o prêmio
desde 1901, veio para recompensá-las pela luta não violenta pela
segurança das mulheres e pelos seus direitos a participar dos processos
de paz.
Um orgulho, não só para elas, mas para todos que buscam, de alguma forma, mudar as condições, muitas vezes impostas, de países que vivem em extrema miséria. Uma dessas pessoas é o jornalista campineiro Vinícius Zanotti, de 26 anos. O jovem lançou, no mês passado, uma campanha para angariar fundos para construir uma escola de alvenaria justamente no país de Ellen.
A Libéria, localizada a Oeste da África, realmente é um lugar que precisa de ajuda há tempos. Devastado por uma guerra civil que durou 15 anos e encerrou-se em 2003, o país não possui rede pública de energia elétrica, saneamento básico, ruas asfaltadas, transporte público e tantos outros benefícios tão necessários.
Uma realidade vista, vivida e registrada por Zanotti no documentário Escola de Bambu, selecionado para a Edição do Curta Neblina — Festival Latino-Americano de Cinema, que vai até hoje, em São Paulo.
Durante uma viagem pelos continentes europeu e africano em 2010, o jornalista teve a ideia de passar 15 dias na Libéria. A ideia, até então, era apenas conhecer o país. O problema foi que, exatamente no 15° dia, Zanotti contraiu malária.
“Tive que ficar mais um tempo para me tratar e acabei ficando dois meses. De certa forma isso foi bom, porque tive a oportunidade de conhecer Sabato Neufville, o principal organizador do United Youth Movement Against Violence, movimento cuja finalidade é educar adolescentes liberianos e evitar que virem estatística nos elevados índices de violência infantil que ainda atormentam o país.”
Sabato tem salário de US$ 800 mensais para trabalhar na missão que a Organização das Nações Unidas (ONU) mantém na Libéria. Zanotti explica que, com esse dinheiro, além de alimentar e educar nove crianças adotadas, órfãs de guerra, ele financia atividades de teatro, dança e música.
Além disso, Sabato construiu uma escola para que 250 crianças da periferia de Monróvia, a capital, pudessem ser educadas na comunidade de Fendell.
O salário que Sabato consegue repassar aos professores é de apenas US$ 10, quando o mínimo na Libéria é de US$ 60 mensais. Mesmo assim, Zanotti disse que os professores não pensam em procurar outro trabalho.
“Eles sabem que, se abandonarem a comunidade de Fendell, dificilmente aquelas crianças terão outra oportunidade para estudar.” Além disso, para os professores, a falta de estudo pode transformar os jovens em presas fáceis de serem levadas ao campo de batalha em um eventual novo conflito.
Gravações
“A unidade foi construída com bambus enfileirados. Fiquei encantado com o trabalho e por isso decidi fazer o documentário Escola de Bambu. Foram 15 dias gravando. Depois que voltei para o Brasil, fiz diversas parcerias para finalizar o trabalho e dar início a esta campanha. Queremos construir uma escola de alvenaria em substituição à de bambu. O amigo e arquiteto André Dalbó fez o projeto da nova escola, com banheiros, energia solar e saneamento básico, e agora estamos em fase de captação de recursos”, contou o jornalista.
Um dos momentos mais marcantes da viagem do jornalista, e que despertou a vontade de querer ajudar a comunidade, foi quando um garoto de 22 anos perguntou para ele quantas horas por dia o Brasil tinha energia elétrica.
“Isso mostra o nível da falta de conhecimento daquelas pessoas. As crianças nunca viram uma televisão na vida, não conhecem o resto do planeta. Tem muita coisa errada neste mundo sem compaixão, mas não é por isso que deixaremos de lutar para torná-lo um pouco menos desumano.”
Mais informações podem ser obtidas pelo: www.escoladebambu.com
União
Vinícius Zanotti reuniu mais de 20 profissionais brasileiros, todos atuando como voluntários, para tentar levar um pouco de esperança e desenvolvimento à comunidade de Fendell.
“Eles são um povo acolhedor, sorridente e pacífico. O que estamos fazendo é o mínimo que a vida e que aquelas crianças podem esperar de nós.” O jornalista busca parcerias com empresas ou instituições que se disponham a patrocinar o projeto, cujo o valor total é de R$ 337.119,55. Para ajudar a cobrir o orçamento, o grupo está vendendo DVDs, camisetas e canetas alusivos ao documentário Escola de Bambu.
“Seja comprando um dos produtos ou indicando pessoas que possam ter interesse em nos ajudar nesta empreitada, todos podem ajudar”, lembrou.
O projeto arquitetônico desenvolvido para a escola parte da ideia de utilizar o bambu como elemento estrutural, mantendo-se a identidade da iniciativa e, principalmente, porque esse material é utilizado também no cotidiano dos liberianos como elemento de construção.
Os pilares e vigas de bambu, que sustentarão a cobertura, foram planejados de maneira independente do restante da vedação, devendo ser pré-montados no Brasil e, posteriormente, enviados e montados na Libéria.
Com a cobertura pronta, o restante da obra — piso e vedações — terá início. “O desenho considera a ausência de distribuição de energia elétrica, água e saneamento básico no local, propondo como alternativa o uso de energia solar, a captação de água da chuva e a adoção de fossa biodigestora ou industrializada”, explicou Zanotti.
Outro obstáculo ao qual o projeto se antecipa é a dificuldade para compra de alguns materiais de construção no país, e por isso prevê o envio de parte deles do Brasil. A reposição de materiais escolares ficará por conta de uma parceria já com a gráfica Silvamarts, que fará doações anuais de pelo menos mil cadernos, mil canetas, mil uniformes e mil livros didáticos.
Fonte
Um orgulho, não só para elas, mas para todos que buscam, de alguma forma, mudar as condições, muitas vezes impostas, de países que vivem em extrema miséria. Uma dessas pessoas é o jornalista campineiro Vinícius Zanotti, de 26 anos. O jovem lançou, no mês passado, uma campanha para angariar fundos para construir uma escola de alvenaria justamente no país de Ellen.
A Libéria, localizada a Oeste da África, realmente é um lugar que precisa de ajuda há tempos. Devastado por uma guerra civil que durou 15 anos e encerrou-se em 2003, o país não possui rede pública de energia elétrica, saneamento básico, ruas asfaltadas, transporte público e tantos outros benefícios tão necessários.
Uma realidade vista, vivida e registrada por Zanotti no documentário Escola de Bambu, selecionado para a Edição do Curta Neblina — Festival Latino-Americano de Cinema, que vai até hoje, em São Paulo.
Durante uma viagem pelos continentes europeu e africano em 2010, o jornalista teve a ideia de passar 15 dias na Libéria. A ideia, até então, era apenas conhecer o país. O problema foi que, exatamente no 15° dia, Zanotti contraiu malária.
“Tive que ficar mais um tempo para me tratar e acabei ficando dois meses. De certa forma isso foi bom, porque tive a oportunidade de conhecer Sabato Neufville, o principal organizador do United Youth Movement Against Violence, movimento cuja finalidade é educar adolescentes liberianos e evitar que virem estatística nos elevados índices de violência infantil que ainda atormentam o país.”
Sabato tem salário de US$ 800 mensais para trabalhar na missão que a Organização das Nações Unidas (ONU) mantém na Libéria. Zanotti explica que, com esse dinheiro, além de alimentar e educar nove crianças adotadas, órfãs de guerra, ele financia atividades de teatro, dança e música.
Além disso, Sabato construiu uma escola para que 250 crianças da periferia de Monróvia, a capital, pudessem ser educadas na comunidade de Fendell.
O salário que Sabato consegue repassar aos professores é de apenas US$ 10, quando o mínimo na Libéria é de US$ 60 mensais. Mesmo assim, Zanotti disse que os professores não pensam em procurar outro trabalho.
“Eles sabem que, se abandonarem a comunidade de Fendell, dificilmente aquelas crianças terão outra oportunidade para estudar.” Além disso, para os professores, a falta de estudo pode transformar os jovens em presas fáceis de serem levadas ao campo de batalha em um eventual novo conflito.
Gravações
“A unidade foi construída com bambus enfileirados. Fiquei encantado com o trabalho e por isso decidi fazer o documentário Escola de Bambu. Foram 15 dias gravando. Depois que voltei para o Brasil, fiz diversas parcerias para finalizar o trabalho e dar início a esta campanha. Queremos construir uma escola de alvenaria em substituição à de bambu. O amigo e arquiteto André Dalbó fez o projeto da nova escola, com banheiros, energia solar e saneamento básico, e agora estamos em fase de captação de recursos”, contou o jornalista.
Um dos momentos mais marcantes da viagem do jornalista, e que despertou a vontade de querer ajudar a comunidade, foi quando um garoto de 22 anos perguntou para ele quantas horas por dia o Brasil tinha energia elétrica.
“Isso mostra o nível da falta de conhecimento daquelas pessoas. As crianças nunca viram uma televisão na vida, não conhecem o resto do planeta. Tem muita coisa errada neste mundo sem compaixão, mas não é por isso que deixaremos de lutar para torná-lo um pouco menos desumano.”
Mais informações podem ser obtidas pelo: www.escoladebambu.com
União
Vinícius Zanotti reuniu mais de 20 profissionais brasileiros, todos atuando como voluntários, para tentar levar um pouco de esperança e desenvolvimento à comunidade de Fendell.
“Eles são um povo acolhedor, sorridente e pacífico. O que estamos fazendo é o mínimo que a vida e que aquelas crianças podem esperar de nós.” O jornalista busca parcerias com empresas ou instituições que se disponham a patrocinar o projeto, cujo o valor total é de R$ 337.119,55. Para ajudar a cobrir o orçamento, o grupo está vendendo DVDs, camisetas e canetas alusivos ao documentário Escola de Bambu.
“Seja comprando um dos produtos ou indicando pessoas que possam ter interesse em nos ajudar nesta empreitada, todos podem ajudar”, lembrou.
O projeto arquitetônico desenvolvido para a escola parte da ideia de utilizar o bambu como elemento estrutural, mantendo-se a identidade da iniciativa e, principalmente, porque esse material é utilizado também no cotidiano dos liberianos como elemento de construção.
Os pilares e vigas de bambu, que sustentarão a cobertura, foram planejados de maneira independente do restante da vedação, devendo ser pré-montados no Brasil e, posteriormente, enviados e montados na Libéria.
Com a cobertura pronta, o restante da obra — piso e vedações — terá início. “O desenho considera a ausência de distribuição de energia elétrica, água e saneamento básico no local, propondo como alternativa o uso de energia solar, a captação de água da chuva e a adoção de fossa biodigestora ou industrializada”, explicou Zanotti.
Outro obstáculo ao qual o projeto se antecipa é a dificuldade para compra de alguns materiais de construção no país, e por isso prevê o envio de parte deles do Brasil. A reposição de materiais escolares ficará por conta de uma parceria já com a gráfica Silvamarts, que fará doações anuais de pelo menos mil cadernos, mil canetas, mil uniformes e mil livros didáticos.
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